O Silêncio, de Ingmar Bergman (1963)

Lucas LPM

Temos o estrondoso filme O Silêncio, de Ingmar Bergman (1963), que manifestou a genialidade dele nos anos 1960 produzindo a tríade composta também por Através De Um Espelho (1961) e Luz De Inverno (1962). Foi batizada de Trilogia do Silêncio por um crítico sueco.

É em O Silêncio que o cineasta esbanja tudo o que havia proposto na carreira até então. E é nesse filme que o frenesi erótico, a histeria, a sensibilidade, a inocência e a vida como espetáculo mostra-se pela primeira vez de forma completa, tecnicamente madura e artisticamente. O filme nasceu das explosões e do sufoco para Orquestra de Bela Bartók.

Pela fragilidade da saúde de Esther (a irmã mais velha), os três são obrigados a interromperem a viagem e descansar em uma cidade não identificada no filme – o anonimato social é o plano de fundo de toda a trama, o que, de início, já nos alerta para não darmos importância demais aos tanques de guerra que tem o papel do evento de coação, assim como as epidemias e o estardalhaço da violência que os anos 1960 viviam.

O Silencio é um angustiante grito de socorro. “É o grito o que sustenta e não o silêncio ao grito”. O grito faz de alguma forma O Silêncio se enovelar, no próprio impasse de onde brota, para que o silêncio daí escape. Mas, já esta feito quando vemos a imagem de Edvard Munch no seu famoso quadro O Grito: O Grito é atravessado pelo espaço do silêncio, sem que ele o habite; eles não estão ligados nem por estarem juntos, nem por se sucederem; o grito faz o abismo onde o silêncio se aloja. O psicanalista Jacques Lacan, no seminário Livro XI, fundamenta a questão do “grito que sustenta o silêncio”, trazendo a imagem do O Grito (Munch), demostrando como é o reflexo de muitas vidas, de muitos sistemas sociais, de muitas famílias enlaçadas na angústia de um silêncio. Neste mesmo ponto, Bergman encontra Lacan, os dois sempre atentos ao que compõe o humano, a subjetividade, o social. O Silêncio de Bergman também não deixa de evocar o período histórico que o mundo vivia então, o silêncio da Guerra Fria: ali nada podia ser falado, tudo era habitado por um silêncio aterrorizante, que ecoava mundo afora em pura angústia.


O Silêncio contém todas as palavras possíveis, por isso é que a psicanálise nos manda falar, porque se não falarmos estamos mortos, mortos como sujeitos, num angustiante grito de socorro.

Então, convido-os a falar, discutir e debater

Um das obras centrais da filmografia de Ingmar Bergman, O Silêncio integra o trio de filmes do diretor conhecido como “Trilogia do Silêncio”, No enredo, Esther e Anna, duas irmãs com dificuldades de relacionamento, viajam para a Suécia, acompanhadas do filho de Anna. Porém, no meio da jornada, são obrigadas a parar num país estrangeiro, onde se hospedam num hotel quase deserto. Neste local, elas entram em confronto com o vazio existencial da vida delas.

Elenice Milani

Criadora e escritora do site elenicemilani.com.br, Filósofa, Psicanalista Clínica, criadora e coordenadora do grupo Psicanálise e Literatura.


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