Camille Claudel: Arte, Paixão e Devastação
por Elenice Milani | 21 de Fevereiro de 2025
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Cena do filme "Camille Claudel" de 1988, dirigido por Bruno Nuytten |
Camille foi uma mulher à frente de seu tempo, mas também tragada por um amor devastador. Na psicanálise, podemos pensar em duas formas de gozo que atravessam sua história: o gozo erotomaníaco, em que o outro se torna um suporte absoluto do amor, e o gozo da devastação, marcado por uma dor sem limites, que tudo consome.
Além disso, Camille tinha uma relação singular com o barro. Moldar a matéria não era apenas um gesto artístico, mas uma necessidade psíquica, quase uma tentativa de reconstrução de si mesma. Na época, essa compulsão foi chamada de “a doença do barro”, um traço da estrutura psicótica que a habitava. Sua escultura era mais do que arte, era um modo de existir.
Se sua vida foi marcada pelo desmedido e pelo abandono, sua obra sobreviveu. O barro que ela moldava resistiu ao tempo e rompeu o silêncio imposto a ela.
Na psicanálise, buscamos manter viva a interrogação sobre esse enigma: até onde a paixão pode nos levar? O que acontece quando o desejo de moldar o mundo é a única forma de sustentar a própria existência?
Qual dessas versões da história de Camille você já viu? O que sua arte desperta em você?
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Cena do filme "Camille Claudel 1915" de 2013, dirigido por Bruno Dumont |
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